: Era, aqui pertinho aqui.
: Ah, aqui em cima?
: É do vô era aqui a casa.
: Tá! E aí então todos os moradores que tavam próximos usavam pra fazê?
: É, é, daí aqui em cima tem outra pessoa, perto da capela, tinha o, o pai do João Serafim tinha também.
: Hum.
: Aí eles vinha e agendava, né? Era agendado, porque é uma coisa que demorava a fazê, a farinha. Então eles trabalhava a semana intera, ou até mais.
: Tá!
: Então vinha, marcava:
- Tal dia, dá pra arrumá o meu monjolo?
Daí a pessoa falava:
- Ah, tal dia num tem.
Daí essa pessoa:
- Só posso ficá tanto dia.
Aí vinha no dia, que... Colocava o milho, quebrava, fazia canjica, que fazia, colocava o milho na água, dexava, não sei quantos, treis, quatro dia, aí vinha, socava, e fazia a farinha.
: Nossa, que legal...
: Aí a criançada do bairro, isso diz a minha mãe, corria tudo pra comê o, o biju da farinha a hora que tava torrano. Diz que era uma delícia!
: Nossa, que gostoso.
: É, aí o pessoal levava melado pra comê, porque era a única coisa diferente que tinha, né?
: Tá! Nossa, que legal isso, eu não sabia disso. E aí, e aí, os vizinhos usavam tudo de graça?
: Tudo de graça! Tudo de graça. Traziam a lenha pra torrá o, a farinha, de graça.
: E na hora de construir o, o mijolo, era também, por exemplo, o seu...
: Eu acho que era mutirão, né?
: Tá!
: Eu acho que era mutirão. Alguns fazia mutirão, outros já não fazia, né?
: Mesmo aquele que não fizesse mutirão, ele dexava depois...
: Ah, dexava, isso já era, já era, já era norma já do bairro [Riso].