O banco de dados "Flora Regional" foi estruturado para atender demandas de restauração, silviculturais e de arborização urbana previstas pela legislação (Lei Florestal n° 12651, Resolução SMA n° 32) e por programas estaduais como o "Município Verde Azul".
Na paisagem rural do Brasil, as florestas vêm desaparecendo ano a ano, sendo substituídas principalmente por agricultura e áreas urbanas. Essa situação trouxe a necessidade de se restaurar esses ambientes, pensando-se, principalmente, na conservação da diversidade, solo e água. Restaurar, segundo a Sociedade Internacional de Restauração Ecológica, significa auxiliar na recuperação de um ambiente que foi modificado, danificado ou destruído. Entende-se que a restauração florestal deve ser feita, preferencialmente, utilizando-se espécies nativas, já que elas estão mais adaptadas ao ambiente, não se comportam como invasoras e são importantes também para a manutenção da fauna nativa. Pretende-se resgatar a estrutura original dessas florestas, e também seu funcionamento, para que essas áreas possam se manter na paisagem. O método mais utilizado para isso é o plantio de mudas de espécies arbóreas, mas também pose-se utilizar a semeadura, a condução da regeneração natural, entre outras técnicas. Além disso, é possível introduzir arbustos, ervas, trepadeiras, epífitas, etc. Para que esse processo de restauração tenha sucesso, é imprescindível escolher as espécies que serão implantadas conforme as características da área, a fim de amenizar os estresses ambientais sofridos pelas plantas e a sua mortalidade durante o processo de restauração. Informações ecológicas e silviculturais (por exemplo, área de ocorrência original das espécies, características do ambiente necessárias ao crescimento, técnicas para coleta e produção de mudas e sementes, e muitas outras disponibilizadas neste banco de dados) são fundamentais para a efetividade da restauração. Além disso, informações sobre o tipo de produto (madeireiro ou não madeireiro), orientam a escolha de espécies com potencial para a geração de renda.
Renata Evangelista de Oliveira
Daniela da Silva Pereira
O desempenho das árvores e arbustos que estão nas praças e parques, ao longo de ruas, avenidas e rios, em parte, reflete a forma como planejamos as áreas verdes e a arborização de nossas cidades. É certo dizer que nos centros urbanos a prática de plantar árvores significa reconhecer as suas funções e benefícios ambientais, estéticos e recreacionais. Para a seleção do que plantar normalmente se considera a adequação ao espaço e as espécies disponibilizadas pelos viveiros (especialmente os municipais), além de outros critérios como: manutenção, forma e estética da planta, adaptabilidade às condições de solo e ao clima local, tolerância a poluentes, segurança e prevenção à acidentes e preferências da população, inclusive pelo significado de certas espécies em um contexto histórico. Ainda, neste sentido, há uma crescente preocupação em se priorizar espécies nativas regionais, ou seja, aquelas de ocorrência natural da região onde a cidade se insere. Considerando-se a intenção de se conservar a biodiverisdade nos espaços urbanos, o próximo passo é conhecer, ou conhecer mais, as características e comportamentos de cada uma dessas espécies indicadas por especialistas como adequadas ou com potencial para serem seleciondas e testadas in loco. Esperamos que o banco de dados "Flora Regional" auxilie nessas decisões.
Patrícia Paranaguá
O interesse e a necessidade de se recompor florestas nativas vem crescendo ano a ano, impulsionados pelas obrigações legais e pelo reconhecimento dos benefícios da floresta na propriedade rural. No entanto, plantar florestas nativas não tem sido fácil. Um dos "gargalos", para transformar o desejo da recomposição florestal em realidade, tem sido a dificuldade em acessar dados sobre as espécies florestais nativas com potencial para uso econômico conciliado a conservação. As informações sobre espécies florestais encontravam-se de forma dispersa, segmentada, muitas vezes disponíveis somente em material impresso e restritas a um pequeno grupo de pessoas. Recentemente, em parceria com a Secretaria do Meio Ambiente (Programa de Desenvolvimento Rural Sustentável), o IPEF percebeu a necessidade de se disponibilizar de forma ágil, fácil e confiável dados sobre espécies nativas com potencial para uso econômico (produtos florestais madeireiros e produtos florestais não madeireiros). A escolha das espécies que compõe o grupo SILVICULTURA no sistema foi realizada a partir de consultas a trabalhos de várias instituições, em especial da Secretaria do Meio Ambiente, do Instituto Florestal, do IPEF, EMBRAPA e validada por meio de entrevistas com vários especialistas. Acreditamos que o acesso as informações pelo banco de dados "Flora Regional" represente uma dificuldade a menos para a implantação de florestas nativas.
Maria José Zakia