: Num sei se tá ou num tá mais, porque isso já é coisa de 40 ano que essa pessoa contô pra mim, ela tá viva até agora, só que num enxerga mais, mora em Nazaré agora, essa mulher que falô pra mim.
: Hum.
: Mais ela é uma delas que vinha rezá.
: Olha só.
: Rezava pro Cedro.
: E não deixavam tirá o Cedro!?
: Não, é o dono já não quiria tirá, também né, já era mato lá, ele já num quiria cortá mais. Mais o pessoal num tinha corage, de jeito nenhum!
: Olha, que interessante!
: É, esse cara que, que foi assassinado lá, mesmo tirava o chapéu na hora de passá lá, em respeito ao Cedro.
: Ó!
: É, que ele achava que era uma cruiz.
: É? É!
: Nem sabia se era, mas ele.
: E foi ficando, né, na...
: Ficô lá.
: Todo mundo foi, de alguma forma respeitando ali e, de... E deixando, né?
: É, é verdade.
: E pra fazer santo, assim, usavam madera? Antigamente era, hoje que é loça, né, que usa mais, mais antes era mais madera, ou...
: Não, acho que já era louça mesmo. Tem madera, muita madera, mais pra cá o pessoal não fazia, não.
: Não tinha muito?
: Só se foi muito antigo, antigamente, né?
: Tá, entendi.
: É.
: E cê lembra se faziam muito brinquedos, ou na sua infância mesmo, se você tinha brinquedo de madera, que seu pai fazia?
: Ah, que meu pai fazi... Feiz uma veiz carrinho de madera.
: Carrinho?
: É
: O seu pai que fez pra você?
: Fez pra todos, os filho intero, todos filho.
: Ele sempre fazia ou foi uma ocasião especial?