- Mata aí, se vê cobra, mata tudo.
Quem tinha corage matava, quem não tinha não matava. Eu já matei cobra lá no meio do pasto lá, que eu via, mai dormindo.
: Hum.
: Deus me livre.
: Eu matei muito pouca cobra, que eu não via cobra.
: Tá.
: Eu não via. Eu quando trabaiava o dia inteiro, só via, o eucalipto memo lá embaixo lá, fomo limpá lá, eu trabaiava lá, o Adriano foi num dia e matou dois.
: E o senhor não viu?
: Não vi, não. Eu visto um par de bota assim pra dizê que tá mai protegido um pouco, mai eu acho que nem precisa.
: Mai não sei, parece pra gente limpá essas coisa, se alembra aquele eucalipeiro que eu fui lá coroá, prantá, coroá não vi nada. Aí ele foi carpí lá e achou uma bruta cobra.
: É?
: No memo lugá que a gente tava pran... Trabaiando.
: Nossa!
: Deus me livre! Jararaca.
: Mai ali embaixo do eucalipeiro lá a turma fala que tem cobra lá, diz que muito grande lá, e eu trabalhou anos lá pro meio lá não vejo nada! Não sei.
: É?
: Intão...
: Curioso, né?
: Por isso que, deu até medo de matá, porque é grande!
: É?
: É grande!
: Nossa!
: Eu limpei um pedaço lá que tava um matero, tava alto assim, limpei pelo caminho né, rocei tudo, tava coxada, tava altão, vô ro... Cortá tudo, aí, cor... Rocei tudo, achei um cupim. O cupim tava no segundo buraco, não sei o que qui faiz buraco ali, se é rato, o que qui faiz buraco ali.
: Hum.
: Até ponhei o pé em cima do cupim, oiei assim:
- Aqui é perigoso tê cobra.
Falei assim, pensei assim, né. Passado uns dia não sei quem viu lá um monte de cascavél, enrolado no...