: Olha só, não, não...
: Quando eu sei que tem cobra, que dai, não tem aquele onde é o eucalipeiro ali em cima lá? Ah não é com cê que nóis passemo.
: Não foi com a Séfora.
: É. O eucalipeiro no artão lá em cima lá, diz que tinha muita cobra.
: Diz que tinha.
: Aí eu fui, aí nóis peguemo pra limpá esse eucalipeiro dele, do homem lá, ai fomo, fui pra Nzaré i compramo um par de bota bem grandona, assim, mai, sofrimento pra chegá lá, já cansei.
: [Riso].
: Que eu não sô muito acostumado de usá bota, ponho meia hora assim, já começa a machucá tudo o meu pé.
: Tá.
: Aí eu fui com aquela bota lá em cima lá, nói trabaiando, nóis tava c’uma turminha assim, tinha umas 4, 6 pessoa. Ai nóis pegava e ia tudo junto, assim, a turma da frente matando cobra, o de tráis matando cobra, e eu pro meio num via nada. Eu via depois de morto.
: Hum.
: Trabaiemo, acho que foi um, uns 30 dia nesse eucalipeiro, matemo sessenta e, quase setenta cobra.
: Olha só.
: Jararaca.
: Nossa!
: Coral, mai matava, a turma que via matava memo, num...
: Naquela época matava memo.
: E até hoje, esse negócio que se...
: Antes que picasse arguém, um cachorro, picava um animal qualquer, né.
: Se for...
: Venenosa, né?
: É.
: Se for venenosa.
: Eu até falava assim:
- Eu não mato.
Mais que se dé um susto ne mim eu mato na hora.
: Agora matá, matava memo.
: É.
: [Risos].
: Se me dé susto eu mato. Se não dé susto, eu vê ela saí assim, que eu matei cobra, mai eu matei cobra assim que eu vi dormindo, primeiro matava tudo. Mandava mata, os véio mandava matá, né: