– Não.
– Pai tem coisa lá.
– Então vai me mostrá.
Ele era brabão né?
– Vai me mostrá.
– Não, não, não...
Deu certo até a história da formiga, eu perdi o...eu tava de chinelo, perdi o chinelo, tava descalço, aí as formiga me mordendo, ele: - cê tá vendo alguma coisa? As bananeira, que nem ali ó, a gente numa distância dessa aqui, eu me segurando na minha mãe: - mãe, tá cheio de coisa ali, a luz, puseram... – Não menino, não tem nada ali, tá mó escuro.
O meu pai tava com a lanterna assim: - Num tô vendo nada.
– Pai tá cheio de coisa. – Vai lá me mostrá. Aí começou as formiga me mordê. Ele...
– Pai tem formiga aqui.
– Que formiga menino. Ele pôs o pé no chão, meu pai conta que ele sentiu dor, as formiga mordeu ele também, que era aquela correição.
: Nossa!
: Imagina, eu pequeno, meus irmão participaram da farsa. Foi os dois: minha irmã, mais nova, e o meu irmão, mais novo. E meu pai fez ameaça pra ele, depois a gente contando, ele fala que se eles contassem ia apanhá e ia apanhá feio.
: Uma armação.
: É uma armação. Ó isso aconteceu comigo, eu tinha o quê? Onze anos, eu só fui descobri com 37 anos. Como o povo antigo, eles contavam as coisa e batia o pé a às vezes até morria né? Aí foi quando eu desacreditei de assombração, mas até as pessoas contavam umas coisas, eu falava: - é verdade, porque eu já vi. Eu mesmo contei essa história, mas era só uma armação. Aí depois eu fiquei sabendo que ele amarrou as coisa lá, um colega dele ficou escondido no meio do, do...sapezal, aí a hora que viu eu chegando foi me assustô, ele foi como se ele tivesse olhando as rã né, que ele tinha a criação de rã, pra mim não associá e ficou. Essa história foi embora, eu fui embora de casa, fui morá sozinho, passou um tempo a gente se desuniu e não contou. Ele falou: - ah podia ter te contado antes, mas foi bom ter te dado um susto cê era muito bonzinho, que cê era novo né?
: Todo mundo armou né?
: Armô. Falei nossa...até meu irmão, de vez em quando eu falo, - cê é um filho da mãe, me traiu. Ele falou assim, sabe que o meu pai batia né? Eu tenho marca ó, aqui meu pai tinha arreio, ele era muito bom, que andava de cavalo, ele contava as histórias, amansava burro, esses negócio, e ele era muito bom no chicote, aí um dia ele mandou eu fazê alguma coisa, e eu sabe aquela criança, memo ele sendo bravo, de vez em quando cê respondia né? Eu respondi e virei, quando eu virei assim, ele mandou o reio, aí pegou. É um...não é de chapa, que tem uns que o pessoal colocava chapa, era couro, que se fosse de chapa, ele falou: - tinha arrancado o seu braço fora. Só o couro e aí fez essa marca aqui, então você imagina né, na década de [19]70, regime militar, ele bravo, criado na roça, era...bem diferente. Mas às vezes eu tenho saudade de muitas coisas, essas são as parte ruim que a gente conta, mas partes boas foram bastante também.