: Ah tá.
: Definitivamente e me empreguei no IPÊ, Instituto de Pesquisa Ecológica. Até então só trabalhava na capital.
: Ah tá... E aí hoje você mora aqui no Moinho mesmo?
: No bairro do Moinho.
: No bairro do Moinho quanto tempo faz que você mora aqui?
: Desde 2002, porque na realidade eu vim pra cá em dois mil e... [19]99, breve relato: meu pai faleceu em [19]99, aí deixou a nossa herança, e uma das propriedades que ele deixou era a chácara n’onde eu moro. Meus irmãos não queria. Meus irmãos apesar de morar no município eles não gostam de mato também, eles moram na cidade. Então eu acabei ficando a minha ideia era aquela chacrinha pra você vim passá fim de semana. Só que daí a minha esposa veio, gostou e em 2002 eu mudei definitivamente pra qui no bairro do Moinho. Dez anos.
: E a sua esposa é de Nazaré?
: Não, minha esposa é de São Paulo, criada em São Paulo, na cidade mesmo lá na Lapa que é bem praticamente centrão mesmo. Mas tem aquela relação com mato, por causa da mãe dela, histórias, ela em São Paulo também onde ela morou antigamente tinha chácaras, ela morou em chácara também, então tem um histórico de gostá do mato. Meio que escondido né, porque a cidade pra mim foi só ilusão. E ganhei, não vou reclamá ganhei bastante, porque lá eu fiz a minha, a minha vida financeira, o meu padrão de vida hoje foi graças à cidade, porque no mato...não teria...não tenho muitas habilidades né, quem mexe tem mais habilidade. Eu acho que não daria certo, meu pai deu certo, ele sempre viveu na roça, sempre... teve o aeroporto, saiu, ele vendeu a propriedade dele, veio mais pro mato ainda. Ele veio de Minas [Gerais], ele era de Pouso Alegre e minha mãe era de Montes Claros.
: Nossa mó longe [risos]
: E seu João, cêis ia pra final de semana e resolveu ficá assim. Por quê? Por que vocês resolveram ficá aqui e não morá na cidade?
: O fator que mais é... assim...tipo....que decidiu foi....eu morava né, tenho casa lá ainda na periferia de São Paulo e a violência, que lá já na década de 90 já tava começando crak, essas drogas e... e os meninos vieram, eles eram pré-adolescente, pra eles só novidade, gostaram, viemos no período de férias e ficaram um mês, aí foi coisa rápida. Eles vieram pra visitá algumas vezes, vieram na casa do meu pai, meu pai nessa época ele já não tava morando mais na zona rural, quando a gente vinha visitá ele regularmente por causa da idade, então ele tava morando na cidade, nem em Nazaré, tava morando em Perdões. [...] Aí voltando o assunto, aí [19]99 ele faleceu [seu pai], aí a gente dividiu as coisas, aí em 2000 foi a primeira vez que a gente veio e a minha esposa já viu, já tava totalmente diferente né, então ela pegou e se encantou, aí a gente associou os problemas de violência em São Paulo, as minhas crianças tudo na idade que é... fatal, e eu e ela trabalhava e casou também dela ter sido mandada embora no ano de 2000, ela trabalhou doze anos num condomínio. Aí ela falou: - Agora é a hora. Aí viemo em junho: - Vou ficá um mês lá, se eu me acostumá nós vamos embora. Veio e só voltou pra buscá a mudança só. Em julho de 2000... Ah...na realidade 2002 foi quando a minha casa ficou pronta nós ficamos morando dois anos, eu tenho fotos, fizemo um... eu fiz, de eucalipto, só quando você coloca uns paus assim, que não tinha casa na propriedade, então era só o terreno, nós fizemo com eucalipto, eu comprei madeirite, era um...um galpão...era cinco de largura...não...sete de comprimento por uns quatro de largura e depois ela foi dando aquele toque, fez uma cozinha, era banho de canequinha, ia tomá banho na represa porque onde moro é alto, não tinha água, então eu tinha... nossa...era uma logística tremenda, eu chegava, eu vinha quase todos os dias de São Paulo, passava na represa, chegava em casa punha os galão no carro ia carregava a água da represa pra casa. O que que ela fazia pra ajudá? Ela pegava água da chuva, quando chovia né? Armazenava a água e os meninos ia tomá banho na represa, pra eles era a melhor coisa do mundo.