Jussara: E é difícil de cultivá por causa da terra mesmo? A terra em si?

João: A terra né, ela exige que você, cê não consegue fazê orgânico, orgânico, é muito difícil, é mais por falta, é a água e um monte de outros fatores que a gente não sabe né, mas só vendo com agrônomo né? Mas eu acredito é porque foi a represa mesmo que mudou tudo né? Toda a...como que se diz? O ar do lugar, o ambiente que era, não é mais propício pra isso, que dá banana, mandioca ainda dá bem, é... fruta, goiaba, goiaba ainda dá bem, agora essas fruta mais sofisticada, se quisé plantá um pé de pêra, um pé de maçã... aí já é complicado, mamão... mamão que nem eu te falei, tem, mamão dá, bonito, mas de repente ele dá aquelas ferruge.

Jussara: Dessas árvores que você plantou, a sua horta... teve algum motivo, a escolha de alguns além de ser o que também conseguia crescer nessa terra, mas tem algum motivo especial? Que você escolheu alguma porque tinha havê com alguma lembrança sua, de...

João: Foi, foi. Cê parou num ponto. Era tipo...lembrança de quando era pequeno, pé de jaca, pé de jabuticaba, que já tem dez anos o pé de jabuticaba, foi plantado em 2002, que não deu ainda. Por quê? É muito alto, cadê a água? E as condições, eu acho, jabuticaba aqui tem que ser só em lugar baixo e lugar que tenha água. Ela mesmo, cê lembra lá no Cuiabá? O pé de jabuticaba ou cê não foi? Nossa! Mas comemo jabuticaba! Tem aqui, até por aqui assim, mas é aquela jabitucaba pequeninha, não jabitucabão que a gente fala né, aquele grandão. E isso daí quando eu plantei, voltando o assunto, plantei os pés de fruta, foi lembrança, plantei banana, porque eu lembro que tinha banana, a jaca, tudo veio na memória da minha infância, os pés de jabuticaba, goiaba, tinha pé de goiaba que eu subia...

Jussara: Interessante, e aí você quando era criança gostava de subí nos pés de...

João: Ih, até hoje os meus filhos têm lá em casa tem uma fruta, ela parece jabuticaba, até os sauás vão lá pra comê. Ela dá igual jabuticaba, só que ela dá no cipó, esse cipó ele é um parasita, ele sobe nas árvores, bem na minha rampa, onde eu entro com o carro, tem um pé. E é ruim pra você pegá que não é...ele dá num...parece uma jabuticaba, só que ele dá parecido com.... goiaba, só que ele é uma fruta mais dura, cê bate nela, ela não quebra, então às vezes cê tem que subí no pé e ficá coletando, aí eu subo. Tem uma árvore, uns dez, doze metro lá, aí eu vô lá em cima e catando. Abacate, plantei também, abacate eu nem plantei, eu vô dizê pra você, nem lembrei, mas simplesmente a gente deve trazido um abacate de algum lugá ou foi daqui mesmo, veio de São Paulo jogamo lá, tem um puta dum pé de abacate, carrega...Já deu uns 3 anos já seguido, bastante abacate. Lembro, mais o abacate que a gente tinha em São Paulo, era um abacate diferente do daqui, o abacate daqui é bem pequeninho, a gente tinha um abacate memo que... lembro que o meu pai vendia também. Em Guarulhos, ele plantava mandioca, banana, criava gado, ele vendia, leite, matava às vezes, vendia carne, e vendia as frutas, vendia goiaba, vendia jaca, teve uma época meu pai tava produzindo, é...ameixa, sociedade com o japonês, porque lá n’onde ele morava em Guarulhos tinha muita granja e numa dessas granja o cara tinha a granja de galinha e tinha uma plantação de caqui e ameixa. E ele ensinou meu pai a...cultivá ameixa e meu pai plantou uns pé de ameixa tinha até aquela história de por o saquinho sabe? Aí a gente vendia a produção na vila em Guarulhos que era nesse bairro Taboão, tanto é que o meu apelido, até o Pedro tirou um barato, meu apelido era chuchu.