Tem um córrego embaixo ali, mais diz que a água corria na rua, tinha minas brotando tipo assim perto da casa dona Inês e a água atravessava a rua, você andava era a mesma coisa que tivesse chovido, tinha aquele... água correndo beirando a rua. Então ela foi abaixando, abaixando, porque aqui é as parte altas né, tinha água, mas não com tanta intensidade, mas tinha. E ficou mais profundo pra você achá um lençol, você vê, meu poço tem 38 metros.

Jussara: E as histórias do seu pai também e de outros moradores quê que eles contavam que antes cultivavam bastante aqui na região?

João: Mandioca, milho, é...feijão, quando tinha as parte mais baixas, arroz, até arroz tinha tipo... meu pai ele falava muito de taboa, eu conheço taboa, porque eu morava no bairro Taboão e só tinha taboa, em Guarulhos. Ali cê já deve ter pegado avião no aeroporto de Guarulhos, aquela área onde tava o aeroporto tem um bairro que chama Taboão e era várias represa, os indicadores que tinha lá na época, cê deve entendê, tinha um peixe cascudo, cará, bagre, traíra... Eu mesmo pesquei muito traíra, bagre, jogava linhada, deixava à noite, no outro dia de manhãzinha, cedinho, só ia buscá, até os meus 14, 15 anos fazia isso direto, nadava na lagoa, e tinha muita taboa. Aí cêis passam hoje lá só veem tijolinho, que foi desordenado até a ocupação de lá. Então aqui tinha, o pessoal fala que tinha nas áreas próximas aos rio, tinha muita taboa e hoje cê não vê, cê vê pouco, tem beirando o rio Atibainha algumas áreas, o resto acabou, isso aí. E agricultura aquilo que te falei: tinha arroz, feijão, mandioca, um monte de...era bem agricultura mesmo, gado era bem pouco, era mais gado de leite que tinha, aquele gado de corte era muito pouco, e eu sei porque meu pai fazia negócio e ele gostava muito de vaca holandesa e tinha..

Jussara: Então nessas áreas mais alagadas, o pessoal geralmente plantava arroz...

João: É verduras... um senhor, ele é um que me contou história, mas eu ouvi de outras pessoas também, mamão, cê pode vê que agora os mamão que dão aqui eles dão aquele tipo ferrugem, mas antigamente tinha mamão, o pessoal falava, eu não vô falá com precisão, não sei se era de Guarulhos, mas eu lembro d’uns mamão que era enorme, que fazia doce, que eu sempre gostei de doce de mamão, esses negócio. Era uns mamão, não é esse papaia, aqueles grandão, tinha seis, sete quilos.

Jussara: Nossa...

João: E esse senhor conta história disso daí, o vizinho que eu tinha contava, eu não cheguei a presenciá isso, tenho lembrança da infância, mas acho que confundo muitas coisas com o sítio que a gente tinha em Guarulhos. Que tinha tudo quanto era tipo de fruta.