: [Risadas].
: Chapéu, não tinha mais chapéu, que eu virei do outro lado assim, oiando, que a lua ia saindo, bem na reta, assim, quano eu virei do outro lado assim, eu vi que era uma brota. Cabô tudo aquele medo na hora! Se eu vortasse era o bode, agora, nunca eu vi nada, em lugá nenhum, nem de noite.
: Ah? Ah, é?
: Depoi disso, eu andava, eu ia em Nazaré sozinho, vortava de Nazaré depois da missa do galo, que é meia noite, vinha a pé de Nazaré até em casa, gastava duas hora a pé.
: Nossa!
: Passava pro meio do matão, hoje é a represa, ali tinha um, passava pro meio do matão ali assim, chegava em casa, nunca vi nada!
: Nunca viu nada?
: Nada!
: E o senhor tinha medo? De andá sozinho?
: É, medo eu tinha, dizê que não tinha medo era mentira, porque, o cara que dizia que não tem medo, então ele, ele, é só papo dele, poque ele tem medo sim. Só que eu nunca vi nada.
: Uhum.
: Um dia eu vinha vindo, assim, tava cum cara aí, de noite também, era umas treis hora da madrugada, duas hora, por aí, nói tava, nói vinha vindo de Nazaré também. Bem aonde o meu vô morava tinha a entrada, tinha um taquaral, e tinha um pau de urtiga, mais o menos dessa, dessa grossura assim, só que era cortado mais o meno, da artura dum, dum homem assim, aquele, vamo supô cortô assim em cima, assim, ele. Quando eu cheguei debaixo lá, perto assim, distância assim, eu vi um homem. Parecia um forno que tava na cabeça, um chapelzão muito grande assim.
: [Risos].
: Nossa!
: Fui em cima do barranco, falei:
- Ai, ai, ai.
Arrepiô tudo eu.
: [Risadas].
: Ai eu passei, né, mais eu tava junto com outo cara ainda.
: [Risos].
: Aí cheguei em casa, falei pa cara que tava comigo:
- Cê não viu nada no caminho não, ali em tal lugar?
- Não.