: É? E tinha história de onça?
: Onça?
: É.
: Onça tem só que é difícil de vê elas. Às vezes que eles vêm aqui no mato, tem veiz que eles vêm aqui cascalheiro. Ela atravessa, mas ela é muito esperta demais, muito arisca.
: O senhor já viu?
: Já vi, um desse tamanho assim! Parecia um boizinho. Só que ela oiou pra mim vram pro mato, arisca. Veado, esses dia eu vi trêis veado. Vinha vindo de lá pra cá, cheguei aqui lá no Mendonça ali... [...], ele tava na estrada, então tinha barranco dos dois lados [...] tá tá, eu corrí, toquei o carro atrais, ele entrou no terreno pra baixo num portão de ferro, blam!, o bicho vortô pra trais [risos], vortou, ele desceu pra baixo lá. Desse tamanho assim ó. Ah, tá tendo muita caça por aí...
: E o senhor disse que percebeu que antes tinha, diminuiu e agora tá voltando.
: Agora que tá vortando de novo.
: E por que que o senhor acha que agora que tá voltando?
: Por agora foi por meio da, daquele tempo, não tinha defesa de fauna, a turma caçava e matava pra alimento, pra comê, e num tinha, agora tem muita fartura de carne, então agora ninguém mata mais, e é proibido, tem defesa de fauna. Agora as caça aumentô de passarinho também, ninguém mata mais. Dá seis ano de prisão, sem fiança, se matá um passarinho. E caçá, pegá passarinho vivo. Até rato suíço tá aparecendo aqui que nuca tinha!
: Rato o quê?
: Rato suíço. Pesa dez quilo cada rato.
: Que isso?
: Desse tamanho assim, dentão, dois dentão assim, um em cima e um embaixo, e só come capim também, pro pasto aparece por aí. Tá aparecendo os bicho. Capivara, capivara tá subindo pra cá. A turma num mata mais, então eles têm medo de mata e a polícia pega, não tem fiança.
: E o senhor andava muito na mata?
: Nossa vida! A vida inteira nossa, era vivida no mato. Caçando e...depois parou porque, não pode caçá mais.
: Mas antes caçava pra alimento?
: Era pra alimento, porque não tinha um boi, um fazendeiro pra matá um boi, ele tinha que oferece 300 quilos primeiro, pra não estragá a carne, que num tinha geladeira, não tinha luz, não tinha nada, naquele tempo. Então era tudo difícil, agora... era tudo do mato pra nóis vivê. Carne à vontade, tem mistura, tem tudo. Naquele tempo não tinha não.