: É né? E antes tinha tipo de árvore que hoje não tem mais que o senhor percebeu que é difícil de encontrar?
: Não, encontra todas, só que são tudo pequena. Tem guatambu, tem jacarandá, tem tudo, mais tudo pequeno. Porque as árvores centenárias foram cortada, cortaram tudo. Meu pai tinha uma árvore de jatobá aqui no quintal, que quatro home não abracava [abraçava] ela. Quatro home pra abracá ela. Quando chovia, cheirava bolacha, ela tem, não sei se você já conhece o Jatobá? Ela tem um pozinho dentro, que é...quando chove fica cheiroso, nóis comia aquilo lá até...nossa, até com café a gente tomava sabe? [risos].
: É? E era gostoso?
: Era! Nossa vida, chegava de manhã cedo juntava as varge caindo da árvore, de noite, tó, tototó, puf no chão. Chegava manhã cedo saía correndo cada um mais rápido pra juntá os jataí pra comê. Falava jataí naquele tempo.
: Jataí.
: A bajona [varjona]. Mais cabou tudo, não sei porque o meu pai foi dar fim, diz que era porque dava muita sombra...O meu pai derrubô.
: E qual o senhor acha mais bonita?
: Todas são bonita viu? Todas são linda, as árvore, ai eu vô te falá...o negócio é o seguinte: a árvore, se ocê tivé embaixo de uma sombra de árvore tá fresco, se tivé embaixo de uma sombra de telhado é quente. Porque a árvore ela puxa o gás carbônico e solta o oxigênio, então a gente se sente feliz debaixo de uma árvore por causa disso daí. Por causa do oxigênio que a árvore solta, senão...Nóis tava com a língua de fora igual cachorro [risos]. Falta de ar [risos].
: E tem alguma que te traz uma lembrança bonita assim?
: Ah tem só essas duas árvore de manga que tem, que é centenária, que tem aqui, tá plantado, porque o resto....derrubaram tudo. Judiação...
: E o senhor subiu muito nesse pé de manga aí?
: Nossa, pai do céu! Aqui tinha uma árvore de canharanda que é uma frondosa, também acabou [...]. Acabou tudo. Uma árvore também que ninguém abraçava ela.