: Mas é a história da vida de vocêis né que é muito rica.
: É foi uma vida rica mesmo, apesar de vivê uma vida muito pobre, mas ao mesmo tempo era muito rica, divertida.
: Nóis tinha o que a gente colhia né, num faltava. Vendia pra arrumá um dinheirinho, o que sobrava.
: Mais era tudo difícil antigamente meu Deus, que nem hoje né tudo pronto!
: Nem tinha estrada né?
: Estrada num tinha, ia a pé pra Nazaré que num tinha carro.
: Cavalo...
: Num tinha nada.
: O transporte era os burro.
: O transporte era cavalo e burro.
: Cêis tinham cavalo aqui?
: Tinha cavalo e burro. Trabalhava com tropa. Tropeiro. Bardiava carvão daqui pra Nazaré nas costa do burro. Depois chegou a estrada, cê sabe, conta mais essa história, eu não sei.
: Como que é a história do tropeiro?
: [19]56 chegou a estrada aqui, era uma estradinha ali, se chovia o carro não sobre.
: Se chovesse não passava, mais no tempo bom vinha o caminhão né? Só tinha caminhão naquela época e jipe tinha?
: Tinha.
: Tinha esses carro só.
: O jipe ia nem que chovesse.
: E como que fazia o trabalho da tropa antes da estrada?
: O trabalho da tropa era o seguinte: transportá né o que tinha. Que aqui tinha o...o pessoal levava muito, as criação: era porco, cabrito, frango pra levá pra Santa Isabel, que tinha, pega o dia de terça feira aqui subiu essa área, que tinha os compradô que saía comprá. Tinha os comprador que, vamo chama de... atravessadô né? Então eles comprava dos pessoar né, tinha já era combinado. Aí chegava segunda feira ele saía pegando tudo e no outro dia terça ele ia embora. Lá em Santa Isabel, agora já acabou a feira de Santa Isabel, tem feira, mas só que é outra.
: Mais ainda tem lá criação do Zé.
: É coisica, num vende nada.
: Mais galinha [risos].
: A tropa então ia pra lá, pra Santa Isabel?
: Madrugada aí tão passando.