: Sempre trabalhando lá.
: Torrá as farinha, a farinha de milho...Farinha de milho eu conseguia torrá, mas a de mandioca, só meu pai torrava...
: Seu pai torrava de mandioca.
: Ele torrava no forno.
: Não cheguei a torrá tanto, mas torrei um pouco também [risos] a farinha de milho.
: E como que torrava?
: No forno, manual. Ai era cansativo... aquele pó, aquela fumaça, todo dia. O dia inteirinho no calor...Chegava a tarde a gente não aguentava nem ficá de pé. Que o dia inteiro envolta do forno ligado, mexendo, que não pode pará de mexê, tinha que mexê direto.
: Ele queima.
: É.
: E demorava quanto tempo pra torrá?
: Acho que uns 40 minuto pra ficá uma torra, bem torradinha, é demorado.
: E a mandioca era assim também?
: Era.
: Só que a mandioca era fogo brando né, bem baixinho.
: Se esquentá muito queima tudo [risos]
: Aquecido pouquinho, agora de farinha né, tinha que ser bem aquecido. Aí não podia pará de mexê, tinha que mexê até ela ficá sequinha.
: Nossa... E qual é a diferença do monjolo de vara do de roda?
: O de roda trabalhava mais, rendia mais o trabalho.
: Esse mijolo era de cocho né. Mijolo de vara.
: É, fala mijolo de vara, mas não é vara nada, é varão [risos].
: Então enchia até o cocho subir, né?
: Na água?
: É. Enchendo aquela água despejava o mijolo caía. Depois enchia o cocho subia. E a de roda não, a roda já virava e [...] o mijolo.
: E qual que era o mais comum aqui?
: Tinha os dois, mais, tinha mais era o de roda né?
: O mais comum era o de vara de cocho.
: De cocho né. Não é de vara, é mijolo de cocho.
: Ele era menos trabalhoso pra fazê?
: Era bem lento. Que daí até a água enchê o cocho demora, aí só muito devagar cai. E a roda não, a roda gira agitado o mijolo nã para. Vai rápido.