: O meu pai fazia as coisa toda de madeira. Ele fazia portão, ele fazia banco, banquinho assim pequenininho, ele fazia. Ele fazia.
: Era talentoso né?
: Ele tinha uma mente muito sabia...
: Tinha uma inteligência...
: E ele aprendia com quem?
: Ah sozinho mesmo.
: Ele via gente fazê assim e fazia a mesma coisa.
: Então ele ensinava muita coisa para senhor?
: Ensinava mais só que num aprendi [risos].
: Só que os mais antigo tinha essa capacidade e a mente que fazia, os novo já...os mais novo já não tá nem aí com isso.
: Ah os antigo fazia cada coisa...
: Porque eles viviam daquilo, se eles não fizessem, eles num tinha. Então tinha que fazê, hoje não hoje é mais fácil comprá né? Tudo mais fácil.
: E das coisas que o seu pai fazia o quê que você hoje lembrando que você acha nossa que era uma coisa difícil e que ele fazia bem feito assim.
: O que meu pai fazia as coisa de madeira ele faiza bem feitinho, taquara ele fazia várias coisa balaio, essa... o chamado jacá né? da roça, ele fazia.
: Jacá?
: É grandão assim.
: Chegava tudo carregado de milho. Era tão bonito, tão aquela fartura, quando era a colheita. Ai...essa é uma lembrança que a gente não esquece.
: Colheita de arroz...Era gostoso.
: O arroz colhido no coisa. A gente limpava no pilão, mais era tão bom...hoje nem o arroz não é mais bom como era antes.
: E o sabor era diferente.
: Era.
: Era diferente, hoje mudou tudo.
: Minha mãe, a gente fazia numa panela de ferro, ai que sabor! Tão bom...
: Era bem natural.
: Era tudo puro, era muito bom nossa.
: Tinha saúde naquele tempo, cê num esquentava a cabeça. Tudo sadio.
: Era tudo forte, aguentava serviço pesado, era tudo forte. Hoje não, hoje tudo mais fácil, tudo doente né?