: História de onça, mais num tinha [risos].
: De onça!?
: É.
: Qual que era a história de onça?
: Parece que eu não sei contá mais a história de onça...
: Minha mãe fazia muito quando era criança: - não sai à noite fora que lá tem lobisomem. Era lobisomem que ela fazia medo pra nóis.
: Era com o lobisomem?
: Era com o lobisomem.
: E ela falava o quê, que não podia...
: Porque o lobisomem pegava né? Ele dizia: - o lobisomem pega criança não pode sair lá fora. Que era uma escuridão né você não enxergava nada né? Então criança, se saí, perdia na escuridão, então a mãe fazia medo né? [risos]
: E aí não saíam mesmo?
: Não saia, porque dentro já era uma escuridão só tinha a lamparininha, que tinha essa lâmpada né, só pra fazê o clarinho, daí abria lá fora tava um...não se enxergava nada.
: As criança naquele tempo os pais fazia medo, o sordado né [risos].
: Soldado?
: Fazia medo que o sordado vinha prendê.
: Quando ia na cidade ficava tudo grudado na mãe com medo do soldado [risadas]
: Ah é duro. E ruim...
: Mais tinha que fazê medo, porque se não era esse medo também perigava né?
: risos
: O soldado prendia mesmo, não tinha o que fazê.
: E alguém já contou que viu onça aqui? História assim antiga?
: Eu acho que não, na mata alguém deve ter visto não?
: Eu só vi o rastro por aqui. Um rastrão grandão assim. Sai às vezes sai precisá areia na beira da estrada, tem até agora.
: Mais precisa de mata bem fechada pra tê.
: Aqui tem muita mata.
: Na virada pra cá, aqui pra trais dessa montanha aqui tem muito mato.
: Aqui tem uma fazenda de 700 alqueires tem 20 alqueire de pasto o resto é tudo mata. Não tem estrada, não tem nada. Tem a estrada lá embaixo que passa.