: É... antigamente num tinha essas coisa.
: Por isso que nóis aqui nessa região nosso, não tem mai planta por causa disso. Nessa região nossa, o estado inteiro né? Porque...quem que vai fazê planta? Não faiz, vem tudo de fora porque lá a terra não dá muito, nói fala praga aqui o mato né, dá muito mato, tem que carpí, o milho pra dá aqui tem que carp duas, três vezes o milho, senão o mato cresce mais do que o milho e daí a planta enfraquece. Cê planta o feijão que é mais rápido tem que carpí, no mínimo de uma a duas vezes, carpí o feijão antes de arrancá e às vezes ia arrancá tava no meio do mato, quando vai colhê, arrancado na mão pé por pé, ei...
: E que que usava assim das árvores de antigamente do mato assim pra fazê, por exemplo, carro de boi, monjolo, era tudo de madeira né?
: Não tem a madeira de lei que a turma falava. Era a madeira boa.
: E cê lembra que árvore que usava?
: Usava, hoje tem pouco, capaiz de eu nem lembrá o nome de todos, tem, o jacarandá preto, o jacarandá amarelo, tinha canela preta, canela amarela, que dava um cerne [miolo da árvore] bom memo que era procurado pra fazê. Tinha...tinha mais argumas madeira que eu esqueço o nome, de madeira que dava cerne que fazia o mijolo, o mijolo geralmente era de [...], daí vem esse pinheiro de pinhão que dá, tinha no mato que a turma fazia tábua, antigamente a casa de fazendeiro era tudo de assoalho, o forro em cima era da própria tábua, paiol de milho era tudo feito de tábua serrado na trançadeira, não era motosserra, nem máquina, era aquela trançadeira: um em cima, um embaixo. O debaixo com o mesmo ponto que o de cima, se serrava e tirava, daí fazia do pinheiro que hoje a turma fala pinho, que é esses pinheirinho comum, antigamente era aquele pinheiro de pinhão que eles colhia, tirava a tora tudo certinho, pinheiro maduro memo, e preservava o pezinho que tinha. Então dava muito tipo de madeira no mato que a turma aproveitava. E essas madeira vagabunda, apesar de que quando derrubava, esse que vinha a judiação, quando derrubava a mata por derrubá, era pouca madeira de boa de lei que deixava em pé, argum ficava. O bom assim bem retinho, deixava, mai o que era meio torto ia tudo no machado, derrubava, metia fogo em cima. Picava, ia pro forno, e fazia carvão e vendia olaria queimá tijolo. Que hoje vai pras padaria, pizzaria, e tal, a lenha né que leva do eucalipto. Naquele tempo era só forno de olaria que comprava por aqui né, que tinha muita olaria, de tijolo, tinha muito. Daí era o comércio também aqui, o emprego era olaria e cerâmica de telha. Tinha Atibaia tinha, fechou. Eu levei muita lenha em Atibaia. Então era lenha de mato, não é hoje aquele toquinho que a turma corta (risos) hoje de noventa centímetro, era um metro e vinte o comprimento. O caminhão num dava, se não soubesse carregá não cabia as duas pilhas. Então cê tinha que ponhá bem torto, torcê e torcê e cabê num, pra subí a pilha senão... Daí subia pra cima da guarda e ficava um tantinho assim fora pra lá e pra cá do caminhão. Era lenha comprida, não é esse toquinho que a turma vende por metro não. Noventa centímetro vendendo por metro.