: É por isso que tá acabando a água.
: É por isso que vai acabando.
: E o Pinheirinho eles plantam pra quê?
: O Pinheirinho tem o comércio dele que é pra madeira de forro, fábrica de papel, de fósforo, mais só que é uma madeira que é, vai acabá também porque ninguém qué. Que demora muito pra ficá pronto. Vai não sei se dez ano, treze ano pra dá corte, vinte ano pra dá o primeiro corte. Ele fica, aqueles fiapinho dele vai caindo e vai forrando o chão. Você tira, você rapa assim parece um concreto seco, o chão. Pode sê uma terra boa, que já era bom. Aqui esse pinheirinho que tem aqui, quando... eu não morava aqui ainda, eu trabalhava com táxi, tava começando a mexê por aqui, esse pinheirinho aí o homem tava plantando. Os mais véio. O dono ali. Foi cortá, o primeiro corte, cortou foi agora pra podê tirá tudo. Retirou tudo. Só que deu tora. Aí deu tora memo de madeira assim. Caminhões e caminhões de....madeira que passava aí. Então...a região vai...o município acabou, enfraqueceu a lavoura aqui, em Nazaré, foi por causa disso. Agora existe essas mata, até tá mais ou meno né? Bem preservada, mais ou menos. Porque o pessoal não interessa esses tipo de coisa. Eles vão derrubá mata pra fazê planta? Planta não dá nada mais. É mais fácil ir lá no mercado comprá o que gasta e pronto e se virá pro outro lado. Fica mais barato do que fazê uma planta. Tem condições a pessoa hoje, hoje um saco de milho prontinho, apesar de que é 50k naquele tempo era sessenta, cinquenta quilo por trinta e pouco merreis. A gente paga, o vendedô quando vai vendê uns vinte e cinco no máximo, de vinte a vinte e cinco de sessenta quilo. Pra depois a turma rouba dez quilo de cada saco, e vende por cinquenta e vende mais caro pra tê o lucro em cima dos atravessadô. Um saco de milho de sessenta quilo, esse eu fiz conta aqui, naquele tempo a gente tinha tempo de fazê isso. Ará a terra, graviá, plantá de mão, ou de máquina, de mão, máquina de mão, com adubo, carpí, colhê, quebrá o milho, bardeá, a gente fala puxá, bardeá na casa, pagá debuiadera ou no [...]. Cinco dia de serviço num saco de milho. Agora faça a conta: cinco dias de serviço, no valor que tá hoje: cinquenta cruzeiro por dia, mais ou meno, quarenta, cinquenta cruzeiro. São duzentos e cinquenta conto. Quem que topa isso? É só quem não tem o que fazê. O serviço, o negócio, nada, porque não compensa. Agora aí fora sim, esses pode vendê a vinte real o saco de milho, porque a terra nessa região num dá mato, não precisa carpí duas, três vezes que nem o nosso aqui. Lá planta, tomba a terra, planta com maquinário, planta milhões de litro de milho num dia e chega o dia de carpí, só corre a riscadeira no meio, uma máquina faz tudo, quando chega na hora de colhê a máquina colhe, o que vai cinquenta homens pra fazê o serviço ele faz em uma hora de serviço. Então o preço...por isso que tá assim, vem de fora, porque nessa região nossa aqui, não tem condições. Eu conversei com uma pessoa que, ele já é morto, ele tava lá no Mato Grosso trabaiando pro cara de lavoura. Ele falou: - olha lá dá gosto você trabaiá na roça, só que ocê desanima porque você não tem serviço, num dá serviço. É só administrá e oiá. Eu falei: - mai por quê? Ói, ele falou: - vamo supor a planta de milho, quebrou colheu, máquina já tritura tudo, fica tudo aquele bagaço no meio do terreno já. Terreno fica limpinho quando colhe o milho. Daí pega o arado, [...], ele falou que até [...] resorve a situação porque a terra lá é fofa, num precisa nem passá arado. Passa arado umas duas veiz, picota tudo aqueles pau de milho, aquela sujeira tudo, e enterra tudo na terra depois vem o maquinário plantando, depois quando tá um tamainho pra cabê vem a riscadeira no meio que já planta a rua certo, caber os pneus, vem a riscadeira risca, o serviço acabou. Só no dia de colhê, colhê o que acontece sobe um caboclo em cima da máquina e um lá na boca da bica lá tirando saco e colocando saco, já sai prontinho lá ensacado, se abusar é até pesado.