: A casa antigamente, casa de barrote que a gente falava, pegava o jacarandá, sempre era jacarandá, fincava na terra, maduro, cerne mesmo. Num pegava quarquer um pau verde assim cortava. Cortava, deixava murchá, secá, pra depois fincá na terra, no alinhamento tudo certinho, daí pregava duas varas em cima, e duas vara embaixo, e barroteá. Barroteá, o que que entra: cavotã [cabotã] que é pau direito, guatambu, vara de guatambu, é...esse que fazia vara de malhá feijão? Cambuí. Pau que fosse...ponhava argum pau à toa, porque num...tinha pra interá, mas sempre escolhia, que o cavotã é um pau à toa, mai ele atura, muito tempo.
: Cambuí também.
: O Cambuí não acaba nunca. Cambuí...ele vira um espeto, vai gastando devagar. Vira um espeto. E tinha muito aqui nessa represa, aqui nessa ponte grande, dá até medo contá a história pra você, que eu participei da história. A turma pula ali com aquela, corda, elástico, pelo amor de Deus, dá até medo. Que ali a água, o quê que acontecia, era cambuizero só. A água encheu e a turma da limpeza, não deu tempo de fazê a limpeza. Ali que vinha ali pro IPÊ, do IPÊ atravessava do outro lado ali, já era água. Ali eles vieram cortando por cima da água, então teve lugar que ficou um metro, dois metro, [...]. O quê que acontece, parece uma agulha apesar que a lama deve ter enchido, mas num deixa de ficá argum espeto lá dentro. E a turma pula de corda...eu, até arrepia o cabelo quando vejo a turma pulando de corda, porque eu sei ali... Num contando a vida que tá ali pulando embaixo da ponte. Aqui tem um que escapou da turma caiu na água, e lá tinha outro também que caiu lá. Ferrage assim que nem espinho. Pelo amor de Deus! Aqui quebraram tudo a grade da ponte jogaram tudo na água. A firma quebrando e derrubando na água, e num tiraram, quando seca a água aqui, venha vê pro cê vê, num aparece tudo que a lama encobriu, é um perigo danado.
Então daí vinha o tempo de barroteá, fazia os barrote de madeira, depois vinha o ripamento, era com...ou varinha fina, senão taquara. Rachava o bambu no meio e daí ponhava, vinha um pro lado de dentro e um pro lado de fora. Assim cruzado, num era na direção do outro assim pro lado de um pro lado de outro, era assim cruzando assim, pra depois bater o barro pro barro pará. Era um por dentro e o outro por fora pra batê o barro. Eu preparava o pacote, você do outro lado: - Vamo? Vamo. “Pam” [barulho com a mão] encontrava com os dois dentro do [...] (risos).