: E o senhor? Também brincava muito?
: Brincava...
: Do quê gostava de brincá?
: Era mais trabalho...
: As mulheres era que mais trabalhava né?
: O primeiro par de botina que eu comprei, tinha dezesseis ano.
: Descalço
: É descalço....geada...de buscá milho na roça... os burro, pra bardeá os bicho, ia descalço pisando na geada. Naquele tempo geava... até hoje...[risos]
: Engraçado porque naquele tempo a gente pisava na geada a gente não sentia frio né? E hoje a gente tá tão agasalhado dentro de casa que não dá nem vontade de saí pra porta, que tão frio que é.
: Nem machucava o pé né?
: Não machucava e nem sentia frio. Nessa época de maio junho, tinha palha de feijão né, a gente de manhã cedo, a gente saía tacava fogo na palha de feijão, ficava esquentando no fogo. Até o sol esquentá.
: E vocês chegavam a fazê brinquedos, ou a mãe fazia brinquedos assim de...
: É, os pai fazia carrinho pra saí puxando com o barbante [risos]
: E como fazia o carrinho?
: Fazia de madeira.
: É? De que madeira?
: Fazia caminhão...Fazia carro de trem a roda pra descê na descida...descia a lenha, as coisa, vinha trazendo as coisa.
: Ah, os meus irmão brincavam muito nesse carro. É tipo de um triciclo né? Eles desciam a pirambeira. E subia tudo empurrando. Descê, descia tudo...
: Lá em Minas eles chamam carrinho de rolemã?
: É isso mesmo.
: E tinha uma madeira especial pra fazê carrinho?
: Tinha...sempre tinha.
: Qual que era mais usada?
: Usava, agora não lembro mais o nome... Jequitibá...
: Mai nem existe mais essa árvore. Agora...
: Ainda tem.
: Ainda tem? No meio do mato aí tem.