: Ah, num tinha espinho, num pegava espinho, não sei, o pé como aguentava.
: Andava no meio do sapeeiro do pasto, que o pai criava gado, andava correndo no meio do sapeeiro, descalço e não espetava o pé. Hoje a gente vai de chinelo né se espeta tudo.
: O sapeeiro é o quê? É mato?
: É mato. O sapeeiro, é assim né, ele cresce daí dá aquelas raízes, sai aqueles...
: sai que nem agulha
: Sai parece uma agulha assim, a muda que tá soltando. Daí se a gente pisá ali, entra mesmo. Ele vai, até onde der pra ir ele sai.
: E vocêis brincavam muito então?
: Ah nóis corria no pasto atrais de galinha, de galinha angola...
: O divertimento era pescá, porque num tinha nada...
: No final de semana não tinha divertimento, não tinha nada de televisão, os meus irmão ia pro mato pegava peixe com aquele cipó[? – 00:16:05] cambira. Cambira né?
: Como?
: Cambira.
: Cipó cambira.
: Cipó cambira. Era dessa grossura assim. Ele trazia e fazia uma balança, eles se divertia o dia inteiro, eles, as molecada. Aí durante a semana eles iam pra roça, aí era nóis que ficava lá [risos] a semana inteira balançando.
: E colocava a balança aonde?
: Numa árvore.
: Que árvore?
: Aroeira. Debaixo da aroeira tinha uma bica d’água e uma passagem assim que todo passava, o gado passava, a gente passava... Ah era tão divertido... Ah fica uma lembrança né? Tão gostoso a vida da gente no sítio. Na cidade não tem isso né?
: Não...
: E os filhos gostam daqui?
: Eles gostam.
: Mais vêm pra passeá ou eles moram aqui ainda?
: Não meus dois filho casado mora aqui e um é solteiro ainda ele sai trabalhá e volta.