E a outra a bruxa, também...esse aí e era pequeno e a laranjeira da mãe tava florido, esse eu alembro como se fosse hoje, e eu era pequeno aí tava aquele cheiro de flor de laranja, aí assubiou, entrei pra casa, óia pro cê vê, um pouco como era... a mãe quase desencantô. Aí a mãe falou: -ô bruxinha, ela num tinha nome, o que ocê tá querendo? Ocê tá querendo, porque a bruxa gosta muito de sal né? Ocê tá querendo sal vem aqui que eu dô pro cê. Aí assubiou de novo, desapareceu. Aí a primeira pessoa que chegava outro dia era que ela era bruxa.
: Ah é?
: É. Quando foi outro dia chegou uma menina com os zóio tudo arremelado, que conforme que ele vira bruxa, ele bate nas árvores com espinho né? O bracinho tudo assim...
– Olha Joaquina ocê apareceu sábado ontem de noite? Eu vim porque a mãe mandou cê buscá, emprestá, mais sal não empresta, emprestá tem que dá né?
: - não a mãe me mandou, mas ocê apareceu pra mim eu vim buscá.
A mãe arrepiou tudo... pegou um pouquinho de sal e deu pra ela.
: E a senhora tinha medo?
: Não na hora não dá. A minha mãe ficou com medo depois né? Mai eu num tinha medo. Mai tinha memo. Antigamente tinha de verdade.
: E a senhora chegou a vê o lobisomem?
: É feio. Eu fui em Joanópolis lá tem a... ocês já viram ou não? Ali, aquele lá é só propaganda só né? Eu fui naquela cachoeira.
: Ah, a senhora foi lá?
: Fui. Eu fui, fizemo um ônibus, fizemos uma celebração e daí quem chegava, eu num cheguei, a cachoeira, eu fui indo: - ah vô vortá comprá queijo. Pensei que tinha queijo pra vendê, daí vortei eu e daí comecemo a comprá queijo, compramo queijo... Mai lá diz que tem né?
: É, dizem que tem né?
: É, o homem falou que dobrou o sol, escureceu, lua cheia, que já vê, num precisa esperá meia noite. Deiz hora da noite já tá andando o cachorrão. Diz que vê mesmo. Esse foi o homem que vendeu queijo pra nóis que contô. Falei: - aqui tem muito lobisomem. Disse: - tem. Deiz hora da noite ninguém sai pra rua. Aqueles barraquinho que vende as coisa né? Ele falou que é verdade memo, lá tem memo.
: E tinha alguma oração pra espantá isso?
: Ah rezava, crença do padre, aquela reza grande, pra...
: espantá.
: É, pra não ter perigo né? E quando nascia criança que nascia na casa, operação na criança que no caso a mãe deixava deitá no sofá. Ele a noite inteira ficava correndo em volta da casa assim, corria pra lá, corria pra cá, assim arrodeando pra vê se tinha comê a criança, que a criança era pagãozinho. Esse aí eu tive lembrá, que a turma contava e era verdade memo, corria em volta da casa... Aí quando o galo canta ele vai embora porque o galo é espécie bão né? Num deve ser coisa boa, porque o galo cantava, desaparecia.