Risos
: A senhora aprontava muito no cavalo?
: Ô! Meu pai pagava pra amansá o cavalo, que tinha que pagá pra amansá primeira vez né? Quem pegava amansá, montava a primeira vez, segunda vez era eu que subia em cima e montava. Por isso que eu tenho costela quebrada. Que em animar brabo não pode a gente ficá [...].
: E a senhora montava nos bravo?
: Montava. E até agora o que eu queria muito pra mim era charrete, mais eu queria, mais nunca pude comprá. Agora num quero mais também. Agora se fô comprá eu posso, mais num quero.
: E antes tinha muita charrete né?
: Era o único que tinha né? Que num tinha carro né?
: E a turma fazi com o quê a charrete?
: Ói tinha gente que ia lá em Piracaia que levava lá, comprava feito já né?
: Comprava feito?
: É num sei o quê que fazia né? Que já trazia pronto já. Comprava branco, depois pintava a cor que queria né?
: E a senhora sabe algum história assim de... que a turma falava, de assombração, ou do outro mundo? Que a turma contava?
: Ah, de assombração eu sei bastante de... é...a turma falava de, que via lobisomem, mais só que tinha mesmo sabia? A minha tia que morreu que gostava muito meu, morreu com 99 ano, ela fazia aquele açúcar, e daí quando era de noite deixava aqueles forno, que não dava tempo de lavá, eles sabia que tinha o lugar que fazia açúcar, punha o carvão, de noite, aí tinha uma cachorra com o cachorrinho, vinha berrando o cachorrinho, depois vê no outro dia tava tudo comido o, tava só a cachorra sozinha. Ele comia tudo. E daí saía vê, era a representação do cachorrão. A minha tia chegô a vê memo. É levantava, num tinha medo, levantava vê, só que se ocê falá assim pra ele, ocê pode não entendê, que era mão de pilão que a turma fala, que a gente soca assim sabe? Falava assim: - ô vô pegá a mão de pilão pro cê. E saía no pé. Que ele tem medo.
: E por quê que será que ele ia atrás do carvão?
: Pra comê carvão.
: Comia carvão?
: É comia carvão, e aquele o cachorrinho novo assim, criancinha novo, antigamente nascia criança na casa, então ponhava uma tesoura de pé assim pra uma cruz, pra se não tivesse ele ia atacar a criança. Antigamente tinha memo.