: Não pegava, porque era difícil né? Pra fazê... O único que fazia... Tinha gente que fazia imagem de madeira. Até tinha um primo meu que tinha um São Gonçalo desse porte. Que era feito de madeira. Fizeram de madeira, envernizaram, ficou bonito, depoi emprestaram uma festa, roubaram. Era dessa artura assim, era bonito. Quando nóis fizemo a primeira festa lá nóis emprestemo porque era muito milagrosa sabe? Era de madeira, mais fazia um milagre. E aí pegaram e roubaram.
: Então às vezes pegava madeira do mato pra fazê os santos...
: A Cruz fazia tudo de madeira do mato. Santa Cruz.
: E aí a turma pegava...tinha uma madeira especial? Pra fazê a Cruz?
: A Cruz era madeira de cedro.
: Tinha que ser de cedro?
: É o cedro que já era madeira de cruz memo né?
: E a senhora chegou a fazê madeira de cruz?
: Ah, eu num fazia porque quando tinha festa. Eu tenho dois Santa Cruzinha assim domingo ocê vê, tá lá guardado, essa primeira festa que nóis fizemo, esse foi o meu marido memo que fez, mais eu falei assim: - acho que até o dia que eu morrê, vou levá essa Cruz junto comigo. A turma fala: - ah cê é tonta memo. Tudo lugar ele não deixava sabe? Levava e no fim da festa o ponto papel, arruma bem arrumadinho, a turma leva adiante na procissão.
: E dona Inês a senhora falou que fazia esteira de por no chão assim, de deitá?
: É eu fazia. Até agora se fô fazê, eu faço, mais num tem taboa né?
: É de taboa?
: É de taboa, acho que o único que tem só naquela bica da represa lá perto do... trabalho do Marina lá. Quem que vai cortá num fundura de água né? É perigoso né?
: mas antes a senhora fazia esteira e a senhora pegava taboa ali, colhia, como que fazia?
: Tinha no brejo ali, nóis pedia pra mãe, pra vó da Renata dava pra nóis. Aí nóis cortava, daí tirava da água, ponhava no sol, enxugava, guardava, ficava amarelinho, daí a gente tecia assim. Era, eu comprava barbante, era gostoso.
: E fazia rapinho ou demorava?
: Ah, levava, fazia em dois ia um dia, porque demora. Porque tem que fazê cumprido assim né? Mai arto que a porta assim.