: A crina.
: A crina, eles ficavam em estrivo. Tinha que pegá os cavalos e desmanchá tudo aqueles estrivo, que empacotava tudo assim né? E corria o pasto inteiro, não dava sossego pros cavalo pastá. Era ele que tava assim. E aí o pai o que tinha que fazê cedo? Ensinava a simpatia pro pai, pegava o alho, e fazia cruz na cabeça do cavalo com alho. Meu pai fez, aí não voltou mais. Mas acabaram com a vida do cavalo. Até cortava a crina do cavalo. Era o saci. Eu fui [...], tinha medo. Depois eu fiquei com medo, mãe: - se você acha, cê vê, reza e passa. Num mexa ali, não vai mexê não. É...
: Nossa gente...
: É, antigamente tinha, agora não tem mais, agora acabou. Antigamente tinha sim. Até conto pro meu neto ele dá risada: - é mentira vó. - Antigamente tinha. Cê vai na minha irmã pra você vê um pouquinho, ela também conta causo. Ela sabia né que tinha. É...agora não tem mais, agora, fizeram essa igreja de crente, religião, desapareceu. Ninguém acredita mais em nada.
: Mas a senhora é católica?
: Sou católica. Ninguém acredita mais em nada né? Então por isso né, agora não tem mais.
: E tem alguma planta do mato assim que usava pra fazê simpatia?
: Ah, tem bastante né?
: É? Mas qual que usava que a senhora lembra.
: Era mais é...simpatia? Tinha esses, arruda também é bom pra simpatia. Arruda, agnéia, alecrim...A gente faz defumação, faz o banho e faz simpatia também.
: E pra quê que faz?
: É pra zóio gordo né? É bom.
: E a senhora fazia bastante?
: Ah eu uso dela, aqui eu sempre faço. Eu sempre faço, defumo a casa, eu coloco a erva é bom pra zóio gordo, é bom pra quebrante, pra assim... pra praga. É bom. Seca ela, cê põe pra secá fazê defumadô.
: Senhora então até hoje faiz?
: Eu faço. Semana passada eu fiz. Eu coloco a pimenta também, é bom também né? Coloco tudo junto.
: E vocês chegam a passear na mata hoje? No meio do mato?
: Vai nada...
: Agora não vou porque tenho problema na coluna, tenho medo de caí. Mais eu gosto de ir pro mato.