: A turma fala que tinha muito medo! É, diz que tinha caixão de defunto no, no...
: Eu tinha medo. E ele tem medo até hoje de sai de noite! [Risos].
: Mai de, a turma fala... Mais eu tropelei um cara um dia...
: [Risadas].
: Eu tava, esse aí não faiz muito tempo, fai tempo já também, mais num faiz muito tempo, fai uns 20 ano, ele tava tomando umas pinga, nóis tava tomano umas pinga também, era umas 11 hora da noite mais ou menos, foi embora tudo, ficô só eu e ele. Falei:
- Vambora! Eu tô com fome.
Falei assim pra ele.
- Bora!
- Vamo tomá mais uma e vamo bora.
Aí ele tomô mai um gole, tomei mai um golinho e saímo. Cheguei na encruzilhava, que ele morava lá em baxo, né, cheguei lá, ele já tava c’um saquinho branco assim, de compra que tinha mercado aqui, no ombro, desceu no chão, desceu no chão, falei:
- Não, vamô chega, eu tô com fome, nóis janta aí depois cê vai.
- Não, vô embora!
Daí ele pegou o saquinho e punhou nas costas, e eu desci correndo, corri uns 20 metro, e vortei pra trais correndo, mai correndo macio, desci correndo não fazendo baruio, e subi correndo macio, que ele, ele não tinha medo nem do diabo, falava assim pra mim. Falava:
- Cuidado João!
- Aqui!
Começo a falá no bar, falamo, e o outro:
- Não, não fala isso não João. Eu tenho medo!
- Ah, porque cê não é homem!
: [Risos].
: Eu falei:
- Ah, tá bom.
Aí vortei correndo pra tráis. E lá tinha noticia também, né, que tinha que tinha, não sei o quê, bode, pedaço de porco, não sei o quê, que caía e transformava não sei o que lá. E nói ia conversando, conversando, aí chegô num, saí na estrada de vorta, ele ia do, dobrando a curvinha, assim, tinha umas pedra, eu fui arquei, juntei um punhado de pedra, catando pedra, correndo, quando eu tavo dobrando a curvinha, assim, pra fazê outra, pra pegá a reta, peguei uma pedra daquele lá e sortei [...], caiu, num pegô em pau nenhum, peguei outra, sortei, pegô nos pau: Pla, pla, pla. E eu escutei o gritinho: