: Mais diz que o que azarô ele foi a primeira mulher, a primeira não, que ele casô c’uma só memo. Ele casô com a mulher lá, intão trabaiava e morava no, no celindro do pai. O pai ficô com dó dele, falô:
- Se quisé morá no celindro...
Tinha um cômodo assim, é:
- Se quisé morá lá pode morá. Cê trabaia pros outro, se eu precisá cê trabaia, aqui se num precisá cê trabaia pros outro.
Aí ele trabaiava com essa pessoa né? Chegava de tarde ele pegava um quilo de feijão, o que a mãe contava que ele pegava uns coisinha pra levá pra muié. Ele já saía jantado daqui, no outro dia saía cedo.
: Uhum.
: Outro dia, diz que chegano na casa, a muié:
- Trouxe feijão?
Aí ele falava:
- Mai eu trouxe ontem, ante de ontem, um quilo de feijão!
- Já acabô.
: [Risadas].
: Cozinhava tudo aquele feijão lá, diz que...
: Duma veiz só.
: Duma veiz só, e comia uma veiz, diz que no máximo dois, e jogava pro porco do pai, os porcada do pai ia até lá no engenho.
: Nossa.
: É.
: Ponhava no poço os porco, né? Que naquele tempo azedava muito fácil também a comida, né? Não tinha geladeira, não tinha nada.
: É, verdade.
: É.
: Aí essa muié diz que, aí diz que, ele era um cara, até que era trabaiadô, aí isso desanimô ele. Não sei por causo disso também desanimá, a cabeça muito fraca, né?
: É.
: E daí virô um priguiçoso, saía pedindo as coisa pra turma.
: O que, se não tivé muito, mais aquele pouco, sabendo regrá, né? Não deixando perdê, também fome num passa né?
: Sim.
: É.
: Verdade. E antes, antigamente o, as formas de trabalho, que cê falô que tinha o pessoal que trabalhava na família, né? Tinha os que trabalhavam de meia, e os que trabalhavam pra recebê?