: Ai, meu Deus!
: A menininha diz que saía, diz que ía e pulava, ía correno, pulava pelo caminho, que subia no barranco, correndo, descia, tal, contente. [Risos].
: [Risadas]. Aí o senhor falô que no bairro morava poucas pessoas, né? Que começô a morá mais gente.
: Aqui memo tinha pouca gente. Aqui aparecia, tinha um armazém aqui, né, vinha muita gente aqui porque não tinha armazém por aí afora, assim, intão vinha aqui. Do Cuiabá vinha pra cá, do Serrão, lá do fundo vinha pra cá, lá do Divininho vinha, então era bastante gente. Esse Serrão lá de cima, quando eles tava tirando mato ali tinha muita gente, porque o mato, o matão é grande, aquele dali, esse matão aqui é grande, vai até na Pedra Branca, não sei quantos alqueire tem, mais é grande. Intão vinha, dava, vinha muita gente. Mais aqui no, da escolinha do Caraça aqui pra cima, aqui assim, tinha onze casa só.
: Nossa!
: É.
: Contando lá em baxo, a casa do pai, tinha uns treis lá embaixo, e aqui pra cima tinha um, mais meia dúzia. Tinha onze casa que hoje eu alembro, eu conto, dá onze casa que tinha.
: E era tudo sítio, ou tinha fazenda também?
: Tudo sítio. É, fazenda, fazenda ninguém tinha. Era só terra...
: Era um sitio só, morava, trabalhava, só memo, e...
: O mais grande era 20 alqueire, 30, 10, isso quem tinha, né?
: Uhum.
: Mais os outro trabaiava pra outro também, porque, pobre toda vida teve e toda vida vai tê. Toda vida vai tê o rico, o classe média, o alta, e o, e o baxinho mesmo.
: Hum.
: Intão, porque que tem muito mendigo na rua, na cidade?
: É.
: Sei lá se é sem vergonhice também, ou é por Deus, porque a gente não sabe, né?
: Acho que é tudo, né?
: Mais acho que é por Deus.
: É.
: Vai sabê! [Risos].
: Mais aqui tinha o meu pai, o meu pai era um cara que tinha terreno, né? Mais dinheiro num tinha.