: Hum.
: Um cara que foi muito trabalhadô, teve onze filho, morreu treis, ficô oito, mai fome ninguém passô. Eu não alembro que passasse fome, sem dinheiro eu alembro que nói ficava.
: É que sempre na casa tinha, né, as coisa que prantava tinha de sobra, né.
: Aqui tinha uns cara que, tinha um que tinha engenho, empregava a turma, tinha pasto bastante, não era, não era uma fazenda também. A turma fala fazenda, mais era casona dele, a casona tipo de fazenda, né? Terra não tinha muito, mais tinha bastante terra, sei lá, uns 50 alqueire pra baixo. Aí tinha um outro não sei se, se cê viu falá.
: Hum.
: Ele tinha o sítio grande dele lá também que tinha engenho também lá, empregava a turma.
: Criação de gado, né?
: Tinha o seu gado também, por exemplo, uns 50 alqueire pra baixo. Era essa turma aqui, assim, daí tinha a pessoa, a classe media que eu falo, que é o pai, que tinha os seu 20 arquere de terra, tinha mais um, acho que umas, não dava meia dúzia de pessoa, contando tudo, lá de baixo, aí conta lá de baixo.
: Tá.
: Que era mais o menos, o resto era tudo, trabaiava pros outro.
: Hum.
: Um trabaiava no engenho, outro fazia um carvãozinho meio, pegava o mato da turma assim, né, fazia de meia cá turma, prantava o de meia cá turma. Esse que prantava de meia já era miózinho um pouco do que o cara que ia trabaiá lá pra ganhá dinheiro.
: Hum.
: Poque hoje, na época, na época lá, hoje se fosse, se fosse aquela época lá, o cara que trabaiava pra, pros cara do alambique lá ia ganhá uns 5 real.
: Nossa!
: É, quando muito. Aí tinha comida, tinha armoço, tinha café, tinha janta. Eu tenho um tio memo que ele pedia as coisa, mais ele era, ele era um cara preguiçoso, num queria nada na vida. Os outros irmão tudo era tra...
: Inda ele era casado, não era?
: Era. Era trabalhadô.
: Era casado [...].