: E vai só aumentado.
: Só aumentando. E daí daquele dia, ele falou assim: - Se Deus me ajudá, todo o ano enquanto eu for vivo, eu vô fazê a reza pra Santo Expedito e São Cosme e Damião. Só que de cada seis mêis tem um porque agora faiz esse agora, dia 22 [de abril], quando for setembro tem aí vai tê dança de São Gonçalo também. Eu fiz pedido pra Jana que teve problema no rim, tá bem melhor ela. Nem que seja pra operá, mais que Deus, porque ela tava tão mal pra caramba. E até no domingo que vem eu vou começá com o homem, que é esse vizinho, que domingo que vem vai vir a Folia de Reis de Santa Branca, de Jacareí, precisa vê como é bonito. Nove horas já vai vir aqui já. Então, e daí nóis fomo aumentando e fazendo, aí ele falou: - Deus me ajudá, eu vou fazê um rancho aqui pra mim dá comida. Porque dava tudo aqui na frente de casa, só que não era essa casa aqui, era uma casa pequena...[...]. Ói ele arrumou um homem pra fazê a cava, que era tudo com enxadão, o homem ficou doente não pôde vir, em três dias ele cavou tudo com a enxadão, esse pedaço aí. Aí fez uma garaginha pequeno, quando em quinze dias ele comprou uma perua. E aí foi levantando, foi muito duro porque...a nossa vida ficou mió, ele coitado, faleceu né? Mai Deus ajudou muito e daí um mêis antes dele morre, ele falou assim: - ói se eu morrê... Mais quem que esperava? Porque no mêis que tava bão que ele morreu? – Quem ficá vivo, se ocê morrê adiante, a festa continua, não para. E se eu morrê adiante, cê faiz. E encomendou tudo. Nóis tava conversamo assim que nem nói tamo agora. Na mema coisa que...que nada ia acontecê. [se emociona].
[silêncio]
: Mas é muito bonito vê como a família é unida, nas festas...
: Graças a Deus né?
: Como...as pessoas ajudam né? Hoje mesmo a senhora falou que já recebeu prenda...
: É então, essa muié quando ele faiz festa a gente ajuda, ele falou: - ói, eu ia trazê uma prenda pra ele. Que a turma traiz, conhaque, vinho, tem champanhe, já deram pra leilão. Aí, não sei se contei pra você ou não, do homem que tava com problema na próstata?
: Ahã.
: Então, esse aí já veio aqui, faiz uns trêis semana, ele tava lá em Campinas, porque deu câncer na próstata, era grave, daí um médico de Campinas falou pra ele: - Ói ocê vai subí pra operá. Que era subí de elevadô. – Ocê vai subí, mais num sei se ocê vai descê vivo ou não, porque é grave. Aí diz que a Festa aqui foi no dia primeiro de outubro, tinha feijoada, tinha afogadão, aí o colega dele perguntou assim pra ele, ele na cama, que o outro dia segunda-feira ele ia vistá ele, foi visita ele na segunda e dez hora ele ia subí pra operá. Aí ele falou assim: - e aquele dia o macarrão lá da festa tava bão? Ele falou assim: - num tinha macarrão. Isso era cedo, tão gostoso que era o macarrão faiz lá. Ele disse: - num tinha. Tinha muita coisa cara, afogadão, tinha feijoada, mas num tinha macarrão. Naquela hora disse que ele levantou pra cima, arrumou a mão e pediu: - Se o Santo Expedito ajudasse que ele aguentasse a operação e sarasse, o macarrão gastasse a quantia que gastasse ele dava pra festa. Aí naquela hora despediu [...] e ele pegou e levaram pra operá, operou, passado trêis mêi, pegou cortou um pedacinho dele pra levá pra fazê exame, disse que não tem nada de câncer mais. Ele falou que vai dá cinquenta quilo de macarrão pra festa. Porque eu ia comprá, porque eu não peço nada, dá quem qué de bom coração né? Aí ele falou assim: - não o macarrão é por conta meu. Amanhã cedo ocê vai vê, diz que nove hora ele já tá aqui, precisasse nem que ser pra bardeá uma água ele qué ajudá.