: risos
: E Dona Inês, qual que é a sua ligação assim com as festas religiosas...por que a senhora começou a fazê?
: Foi uma tradição sabe? Então, esse que é essa festa que eu faço [em abril: Festa de Santo Expedito] já...eu não marquei a data, mais faiz mais de vinte anos que a gente faiz sabe? Então...minha mãe morreu com oitenta e seis ano e ele feiz um pedido, ela não sei o que eu tinha, se era meio doente, o que era, pra Dia do São Cosme e Damião pra fazê doce, e dá um doce, um bolinho, pras criança. E ainda recebeu essa graça. Aí quando ela ficou de idade, mudou pra cidade Nazaré, meu pai tinha muito sítio, que nem eu falei pra esse cumpadre meu que tava aqui de cavalo, se nóis tivesse a sorte, nóis tava rico, tanto o pai dele como o meu, o que tinha de terreno sabe? Mais foram vendendo, acabando tudo... Aí a minha mãe falou assim ói: - eu não vou podê fazê mai, mais enquanto ocê for vivo, ocê faiz. Aí depois eu mudei pra cá, eu fazia paçoca de amendoim, fazia doce caseiro, que eu gosto muito, não posso comê doce mais, mais gosta de fazê. Fazia doce de mamão, doce de batata, doce de laranja azeda, doce de abóbora, e convidava assim, fazia as oração, rezava o terço, e juntava gente. E aí na hora de embora um falava: - dá um pouquinho de paçoca pra mim levá. Pegava e repartia, e pra mim aquilo lá era uma festa sabe? Aí quando foi passando, o meu marido toda vida foi religioso, e chegava na hora do armoço, como que nói ia armoçá com a família grande e ocê chegá e num convidá pra armoçá né? Ele falou assim: - vamo...Deus tá ajudando nóis, que ele morreu mas sempre foi um homem muito carinhoso com todo mundo né? Ele falou: - vamo dá armoço pra nói e pra tudo que chegá. Aí comprava batata, fazia virado de batata, aquela farofa de batata bem feito, e arroz, feijão, as carne ali, foi aumentando. Ói e agora disparou que...agora num guenta mais, que agora virou mesmo, ocê vai ver domingo que vem, cê vê o pessoal aqui, como que vai tá bonito. Aí ele fez um pedido pra Santo Expedito, que a gente sofria muito na vida, que Deus ajudasse...que a gente levantasse um pouco a vida, porque trabaiava, lutava, que todo ano fazia festa pra Santo Expedito, São Sebastião e pra tudo Santo que tinha. Ói daquele dia, se eu contá, depois eu vou mostrá pro cê a garagem, eu vô arrumá tudo agora, ela já foi coberta aí...até a Festa de Setembro [de São Cosme e Damião] vai tá fazido de broca, que agora o pedreiro não podia e ocê vê que o dinheiro, fica caro fazê. E arrumá a área, tudo ali. Aí quando foi o outro ano, daí já juntou mais gente, e quando foi agora dava o armoço, e todo mundo falou assim: - nossa que beleza, ano que vem vai tê? - Vai tê. E aí foi aumentando, e agora óia a turma come mais ou meno trinta, quarenta quilo de macarrão.