: Olha só!
: [Risadas].
: A danada da pimenta!
: E eu, quando eu faço o meu prato...
: É.
: Eu já não gosto de comida quente, porque a pimenta é quente.
: A pimenta não fai mal, agora se cê tomá cachaça, né, daí.
: Hum.
: A pimenta já é quente e arde, fica ardido, né? Intão eu gosto de comida meu tocada a frio, as veiz fai o arroiz, o fejão, espero esfriá quase pra mim comê, bem morninho.
: Ahum.
: Que a bebida é perigoso dá derrame, né?
: Hum...
: É!
: Entendi.
: Aí eu como com pimenta, as veiz, se eu não vê, agora, a pimenta meu fica em cima da pia, põe em cima da pia, em cima da pia fica.
: [Risos].
: Aí eu faço meu prato, eu saio pra cá tá fartando alguma coisa, e é a pimenta que tá fartando. Ponho a pimenta, fico sussegado.
: [Risada]. É, sente falta, né?
: É.
: [Risos]. E a senhora, dona Hosana, a sua profissão é lavradora também?
: Lavradora, também, mesma coisa.
: Cresceu também trabalhando na roça?
: Cresceu, cresci trabalhano lá com meu pai, casei, mesma, levando pra memo ritmo, né?
: Aham.
: Em casa e no trabaio, assim, de roça.
: E lá no, com seu pai, ceis, que que ceis plantavam? Que que ceis plantavam?
: Milho e feijão também, o mesmo que eles fazia.
: O mesmo? O bairro intero, a região toda era assim?
: A região tudo era assim. A única que dava mais renda é o carvãozinho, aquele dali.
: Entendi.