: Demorava muito né?
: É. Depois que surgiu o carvão, começou a evoluí lá, e daí o carvão saiu.
: E o carvão dava dinheirinho pro povo, melhorou bastante.
: Daí acertou bem a vida.
: Daí quem tinha oportunidade de fazê o carvão, tinha a vida já mais melhor.
: Como dizê... tinha uns troquinho a mais.
: Era tudo puxado na costa do burro, mais tinha um pouquinho mais.
: Dava pra vivê melhor?
: Dava pra vivê melhor.
: Até os burro de hoje não presta mais.
: É?
: Não.
: Os burro são fracos.
: Os burro de antigamente era tanto fazia os tropeiro ou os burro, ia embora lá pra Bragança [Paulista], hoje se carrega um burro com 4 saco de carvão, num...chegou aqui embaixo já enfraquece tudo.
: Não chega nem em Nazaré.
: Nem ia chegá, nem na Dom Pedro [rodovia] chega. [...]
: Por que será?
: Num sei...a natureza do tempo né?
: Da natureza, o fim... no começo tudo é forte, depois vai ficando mais fraco.
: Natureza do tempo.
: Nossa, os tropeiro de antigamente andava tudo descalço. Ia embora com a tropa pro meio do mato chegava na cidade e voltava andando, pisando na terra, no barro.
: Chegava lá comia um salaminho, tomava uma pinga [risadas].
: E pronto tava apagado.
: risadas
: E já resolvia né?
: Era assim.
: Não recebia né? Ficava pro fim do mêis. Que não recebia também não.
: Não. Tinha que levá um dinheirinho de vez em quando né pro salaminho.
: Levava um virado, um litro de café, ia embora [risos].
: Café com garapa.