: E do senhor?
: Os meus avós já era daqui. Já faiz 57 anos que ele é falecido. Faiz tempo né? [risos]
: E vocês têm filhos?
: Tem.
: Quantos filhos?
: Três.
: E a profissão de vocês?
: lavrador.
: É lavrador mesmo porque agora a gente num planta mais, faiz pouca planta né? Pouquinho só, no alto da casa aqui pra... Que nem era num é mais.
: E no passado com o quê que o senhor trabalhava, o quê que plantava mais aqui?
: Milho, feijão, tinha uns gado. Então, a gente sobrevivia desse sentido.
: E era a família toda que trabalhava?
: É toda. Todo mundo trabalhava aqui, todo mundo era da...
: Tudo era da lavoura, só fazia lavoura.
: Esse município aqui fornecia muita coisa, queria comprá cinquenta boi tinha, queria comprá porco tinha, queria comprá milho tinha, queria comprá arroz tinha. Daqui saía pra Guarulhos e pra Santa Isabel, ia pra Atibaia. Todo saía daqui, agora tudo tem que comprá.
: E aqui o senhor plantava pra comê ou vendia?
: A gente comia e o que sobrava a gente vendia. A gente plantava pra trocá com outras coisa né?
: E essa mudança, essa diminuição da lavoura, aconteceu mais ou menos... Quanto tempo faiz que começou a ficá mais fraquinho aqui?
: Fica fraquinho já tá uns vinte anos pra cá.
: E por que que será que deu essa diminuída?
: Mais porque agora não tem mais orde de limpá a terra. Então não tem como...
: A restrição.
: Não tem como fazê.
: Não tem como...
: Não... Agora ninguém planta mais.
: É proibido.
: Agora tem que comprá tudo. Tem que vir de outro lado, aqui não tem mais...
: Vem pra gente do outro Estado né? Porque São Paulo não tem mais.