[...] Mai eu tenho as toalhas, tudo já... As bandeirinha pra ponhá, agora já tá tudo cortadinho já. Tá uma beleza. A minha irmã lá de Nazaré cortou, já trazeram no domingo, é só ponhá no barbante.
: E o quê que tá faltando ainda?
: Tá fartando só o que não pode trazê, já tá comprado mais num pode trazê. A batata, num pode trazê adiantado, vai trazê na semana da festa; a carne, só vai trazê também no sábado pra fritá no outro dia né? No domingo comê. Já tá tudo. Rojão já tem também. Eu queria queimá o rojão ontem, o Norberto: - mãe, tá ficando doido mãe? Para. Tá ficando doido? Eu falei: - dá vontade de tacá fogo ne um já...
: Risos
: E dona Inês, nesses anos todos que a senhora mora aqui, no Moinho assim, o que a senhora percebeu que mudou aqui? O quê que mudou na paisagem, olhando daqui assim... no bairro assim?
: Ói mudou muito foi sobre a... o negócio de estrada né, porque a estrada era ruim, aqui, naquele lugar que tem as casas véia lá, tudo quando nói mudemo aqui, tudo carro que vinha aqui atolava. Até falaram que, apelidaram aquele pedaço ali que era a venda, que era barreiro o nome, porque chegava o carro atolasse, ia um atolando atrás do outro. Agora tá tudo as estrada boa né? Tudo bem arrumadinho, e mudou muito negócio de estrada, muita coisa mudou.
: E a senhora quando, olhando assim, tirando a estrada, quando olha assim pra...pros morros...assim, mudou bastante também? O visual do bairro?
: Ah mudou ficou mais legal né?
: A senhora acha então que mudou pra melhor?
: O único também que sou contra é de cortá árvore né? É porque eu gosto muito de planta nossa.
: E a senhora acha que antes tinha mais ou hoje?
: Olha aqui já era meio pouco assim memo. Mai muito lugar n’onde eu morava tinha bastante. E hoje em dia eu fui pra lá e ainda tem muito mato ainda. Porque é lugar que num tinha virá plantá de novo né? Muito eucalipto...mais depois que entrou o eucalipto acabou né? E eu gosto daqui sabe por quê? Porque é um lugar movimentado, e...água boa né? Que nem a nossa água agora é daquele poço ali da escola [desativada]. Primeiro vinho do mato, uma água de mina, água boa, mais só que fartava muito. Agora ficou quase cinco mil pra nóis arrumá a água. Aquele foi pagado o poceiro, o poceiro afundou, limpou tudo, e o... dono da pinga ali que é o patrão, pegou e deu os tubo. Que o Norberto não tem preguiça, o filho meu, pediu...o que pediram pra ele...aí pediram pra descarregá uma carreta de cana no braço, que vem de longe, vem de...nossa lá do lado de Tambaú que vem aquelas carretonas memo tudo de...aqueles mourão de ferro. Aí precisava de bastante gente que o motorista era velho, ele falou: - não, levá eu levo só descarregá num aguento. Que ele viajou a noite inteira sabe? Aí ele foi lá, num gosto de fazê nada sem pedi pros outro, aí eu falei: - cumpadre a água nossa tá dando problema e eu precisava, o coiso que eu uso muito, o senhor não arruma pra nóis limpá o poço da escola? Aí ele falava: - arrumo cumadre, pode...arrumo com tudo gosto, e se preciso ponhá tubo, os tubo eu dô. E deu memo. Só que roubaram dois tubo encostado na estrada. Foi ponhado doze no poço, e tem dois ali na beira e dois encostaram no caminhão e levaram. Mais são bicho feio né?