: É. Isso meu pai contava, agora, eu falo pro pessoal, o pessoal diz que é mentira, que jamais aconteceu uma coisa disso, num sei. Uma coisa. E a outra, é ali perto, onde é o, onde eu trabaio, ali em frente lá, diz que veio uma pessoa de, não sei se é Perdões ou Atibaia, tinha um sitio ali, e ele veio tirá o mato dele fazê carvão, e trouxe uma kombi lotada de funcionário, deiz pessoa, onze, uma coisa assim. Aí fizeram uma casinha rápido, coberta de sapé, e dexô a peãozada dormindo, e foi embora pra Atibaia, buscá mais coisa qui precisava, que não cabeu tudo na perua pra trazê, ferramenta, esses negócio. Aí na hora de saí, tava começando a escurecê, aí falo:
- Óia, ceis vão durmi aqui, mai toma cuidado, porque aqui tem onça.
: Hum?
: - Intão fique atento, mais atento de verdade.
Não dero muita confiança, mais ficaro meio ligadão, né? Aí deitaro durmi, ele saiu. Aí eles tava muito cansado, eles durmiram a noite interinha, quando o patrão chegô, eles tavam levantando.
: Hum?
: Aí o patrão chegô com a perua, incostô perto, chegô, eles tavam fazeno café, daí o patrão disse:
- E aí, não aconteceu nada a noite?
- Não!
- Não viro onça?
Veio brincá.
- Ah, coitado! Que onça! Que se vié onça aqui, a gente pegava as unha, esse monte de gente.
Aí, tava lá fazendo café, e colocaram o negócio pra servi o café, e sobrô uma caneca.
: Hum...
: Na contagem. Falô:
- Ah, mai cadê, quem qui tá faltando aqui?
: Nossa.
: Olharo pra lá, olharo pra cá, tudo, acharo que tava todo mundo ali.
- Mais parece que tá faltando uma pessoa?!
Olharam pra cima, aberto. Aí desesperaram, foro saí, tava uns vinte metro, o cara morto, aberto, e, comido já.
: Nossa!
: Isso é pura verdade. O pai falava que, 100% é garantido.
: É?
: 100% garantido, isso dai. Na hora pegaram as coisa e sumiram dali, foram embora.