: Qual que é o seu nome completo, João?
: João Benedito Caraça.
: E o cê tá com quantos anos, João?
: 44.
: 44. E você nasceu aqui no Moinho mesmo?
: Aqui no Moinho mesmo.
: E você tem parentes... Todo mundo aqui tem parentes fora daqui, do Moinho?
: Tenho.
: Aonde cê tem, daqui perto?
: Ah, daqui perto? Tenho na cidade, né, no Centro. Tenho em Perdões.
: Ah, tem?
: Tenho.
: Mas a maior parte dos seus parentes estão concentrados aqui mesmo, né?
: Tem no Moinho de baixo...
: Tem a minha irmã que mora em Peruíbe.
: E a sua mãe, os seus paa..., a sua mãe ela continua..., ela é daqui mesmo, né, continua morando ali em baixo [Moinho de Baixo], você tem os seus irmãos também... E você tem quantos filhos?
: Dois. Um gato e uma gata [risos].
: [Risadas]. E a sua profissão, qual que é?
: Ajudante geral.
: Tá... João, é..., nesses anos todos, né, que você mora aqui, que você nasceu aqui, sua família é daqui, que que você percebeu que mais mudou no bairro, na paisagem... Ou no, na estrutura do bairro mesmo... Que você sentiu essa, essa mudança?
: Ah, mudô tudo, né? Porque quando eu era pequeno nem carro vinha aqui.
Malemar, malemar, aqui. Hoje vem ônibus, então... Mudou. [risadas ao fundo]. É na parte de... De estrutura, né? Mais... O tipo de serviço mudou tudo...
: Além disso também, da questão das estradas, na paisagem, você acha que... Antes tinha mais, mata... Ou... Ou mais cultivo...
: Mais cultivo, né? Agora tem, mais é eucalipto só, ficou até feio.
: Tá. E antigamente o quê que cultivava bastante?
: É... Feijão, arroz, milho... Aí, todo mundo tinha um..., uma parte que prantava... Batata... É... Mandioca, hoje não tem mais. É... Quase toda casa tinha uma vaquinha de leite, pra sustentá os filho... A maioria das pessoas tinha. Nem que fosse emprestado, mais tinha.