: Gosta?
: Eu adoro mais mato, eu gosto. Na cidade não, não gosto. Mato que eu gosto.
: Eu quando tinha um bar aqui embaixo, às vezes sentava ali fora ali, ficava conversando com um rapaz que até morava aqui, já morreu, eu falava: - seu eu tivesse um salário por mês garantido, eu ia fazê uma casa lá na área daquele mato do lado da represa. Indo pra esse matão. Morá lá. - É mais como é que você vai fazê, pro cê ir lá, atravessá a represa, ir lá subí tudo aquele morrão? Mais acontece que se eu for morá lá, eu tenho que tê: um helicóptero, tem que tê um bom dinheiro pra puxá a água debaixo pra cima, fazê uma mansão lá em cima, me escondê lá em cima. Sai de helicóptero, chega de helicóptero (risos).
: Mato é muito bom.
: Ele falou: - mas se você tive tudo isso aí, você vai morá no meio do mato? (risos). Eu gosto do mato.
: Eu sou criada no mato né?
: Eu tando, mexendo com mato, eu tô outra coisa.
: Não gosto da cidade. A minha filha levou eu pra ficá uns dia com ela, fiquei duas noite só. Peguei minha malinha e vim embora.
: A sua filha mora na cidade?
: Mora. Não, não vai...Fui nascida e criada no mato...não vai de jeito nenhum. Sinto nervoso, dá uma coisa ruim em mim sabe? Porque eu tenho abstenia grave sabe? E ela não pode com barulho, assim com muita...irritação, essas coisa não pode. Eu tinha esse braço, essa perna, ficou assim [encolhida]. Mesmo assim eu trabaiava de cabo de enxada. Criei meus seis filho assim. Atrofia junto com a boca. E carpia assim ó [gestual]. Muitas vezes. Meus braço e minhas perna [...], você não enxerga nada. Eu tava fazendo [...] faiz 30 ano, lá em São Paulo. Sabe o que curou eu? Terra. Eu sentia mal, mal, eu ia na terra, cavocava, cavocava, e jogava terra nas minhas perna, nos meus braço, fazia assim com a terra sabe? E eu, sem brincadeira curei as perna. Comecei a fazê isso com fé. Você pede a Deus a faz lá. Eu recebi que subia assim, sabe? Eu sentia uma coisa que subia assim, que eu tivesse criando, assim na luz e tomava choquinho. Eu recebi aquela terra no meu braço, nas minhas perna. Hoje não tô boa? Foi isso que curou. Aí vortei no médico, falei doutor: - ói a terra me curou. - Então, vá fazendo, que a terra vai curá ocê. E ela me curou. Eu andei, [...], fiquei seis ano sem podê andá. Eu andava, mais num podia né? Tudo quanto é remédio do mato, fazia massagem, fazia banho. E mais remédio do mato, massagem, banho. [...]