: Depois veio pra cá.
: Depois que eu saí dessa firma da topografia aí, daí já comecei, como se fala...correr trecho, ir pra firma em Guarulhos, trabaiava na pedreira, trabaiei na prefeitura... Mai de Guarulhos pra cá, só não fui pra outros cantos. Santa Izabel... E sempre, ia lá, o final era aqui memo. Ela ficava com as crianças sozinha, eu ficava a semana lá no serviço.
: E o senhor trabalhava como, com..
: Eu trabaiei no início da represa, eu trabaiei como: ajudante de topógrafo, é... no momento eu entrei como servente, depois passei a ajudante, quando tava na época deu passar pra topógrafo, o meu estudo não dava, o meu grau de estudo, mai o topógrafo ia fazê um esforço. Daí houve um desentendimento que... a gente começa... não vou falá essa palavra, mais é mais ou menos. Daí mandaram eu embora. Porque tava...
: Família.
: ...muita família na mesma firma, mais ou menos isso. Eu comecei a entrosar um ou outro e...daí...eu, o mais véio, fui mandado embora. Daí fiquei trabaiando de motorista, depoi aprendi a trabaiá com máquina de terraplanagem, fui trabaiá com máquina de terraplanagem, pra um pra outro. Depois fui na pedreira, trabaiei na prefeitura de Guarulhos com máquina também. Trabaiei na linha da Petrobrás que rasga, passa aqui por Nazaré, terminei em Arujá, na saída de Arujá, lá terminou nosso trecho, eu fui dispensado. Daí vortei de novo, mais sempre, eu morava numa casinha véia que tem... acho que até ocê já viu aqui embaixo aqui, que tá caindo o teiado. Naquela beiradinha ali, eu morei um bom...até vir a mudança e nói arrumar o canto nosso certo. Eu saía três hora, quatro hora da manhã pra ir embora num pé daqui até no trevo de Nazaré pra esperá condução lá. Que era das seis às seis o horário de serviço nosso em cima da máquina. Não tinha hora de almoço, nem de café, nem de nada. Tinha que comê um bocadinho em cima e [gesto com a mão]... e trabaiá o dia inteiro. No oleoduto né? Daí eu, fui correndo trecho, correndo trecho, depois, a úrtima vez que eu tava em Guarulhos, daí eu recebi uma indenização que eu fui mandado embora no oleoduto, terminou o trecho. Fui mandado embora da prefeitura de Guarulhos, daí juntei os dois dinheirinho e eu trazia pra ela e ela ia guardando, daí vim, paguemo as continha, eu comprei um carro. Dei de entrada num carro e pus na praça, trabaiei acho que uns seis, sete anos na praça, daí comecei a construir essa casa, que até hoje não tá terminado, mai comecei naquele tempo que eu trabaiei na praça. Daí fiquei, fiquei, com o negócio da casa aqui, eu me apertei, no final, que enfraqueceu muito a praça, num tinha...inclusive esse pessoal todo aí que nói tava falando era freguês meu, do meu cunhado, de bardeá assim pro mato, levá compra, essas coisas, do armazém. Não tinha supermercado, não tinha nada. Era o armazém em Nazaré que era o mais barateiro, tinha freguesia e nói levava o pessoal nas casa com a compra, todo mês. Tinha as pessoas certa. Nóis já sabia as pessoas o dia que vinha e o dia que num vinha. A gente ficava assim, tinha aqui, na Santa Luzia, tinha de vários lugar. E daí eu falei pra ela: Não, o negócio é nói... começar... Comecemo a casa. E vai, e vai, e vai, e vai... fazendo empréstimo... noventa dia naquele tempo pra pagar e falava, tinha um fiador muito bom, que Deus tenha ele o coitado, que me ajudou muito nesse ponto. Nunca deu um... pequeno trabalho. Quando ele sabia do meu problema, eu já tinha resorvido por fora pra depois chegar nele, pra ele assinar de novo pra mim. Então ele... eu fui indo assim. Um dia eu saí (risos) pra trabaiá, nói morava numa casica véia aqui, num canto de barro. Parede de mão, de barro, aqui encostado com essa parede de lá [de sua atual casa] foi feito por lado de dentro, pro lado de lá era a casinha [...]. Ela ficava com as criança e eu saía pra trabaiá, eu ia, eu tinha uma linha de professor que eu fazia, que era fixo, todo dia, levá e buscá lá do lado de Nazaré, lá num sítio. E daí um dia eu saí, quando eu cheguei aqui, aonde tem esse padrão de luz, num tinha esse caminhão [entrada da casa], um chegadinho só de leve, tinha uma área, onde deixava o carro debaixo, quando cheguei, oiei essa casa tudo claro, vão da telha, janela...num tinha janela, num tinha porta, num tinha nada. Mai, o que será que a muié inventou aí, quando eu óio, a casinha no chão.